Ao contrário do que muitos imaginam, a arquitetura de interiores não se aplica apenas a projetos de luxo, com acabamentos refinados e artigos selecionados. Ela pode ser aplicada a todos os espaços, organizando fluxos e otimizando as condições de habitação ou uso, sempre visando a melhoria da qualidade de vida dos usuários. Conheça os conceitos, a história e as características e estilos dessa atividade ancestral que é o projeto de ambientes internos.

O que é arquitetura de interiores

A arquitetura de interiores é um dos muitos segmentos de atuação do profissional de arquitetura, sendo, por muitas vezes, confundida com toda a formação do arquiteto. Esse equívoco popular deve-se ao fato de que o público leigo, em geral, têm mais contato com pequenas reformas, a nível de interiores, sendo as grandes construções associadas a outras profissões, como a engenharia. Esse estereótipo é reforçado por programas de TV que quase sempre mostram arquitetos como protagonistas de projetos de ambientação.
Essa associação não é de todo imprópria, pois a profissão, apesar de envolver muitos níveis como, por exemplo, a arquitetura e urbanismo que considera o projeto de cidades inteiras, possui como essência o projeto de espaços e, nesse sentido, a concepção dos ambientes internos possui uma relevância inquestionável. Porém, é necessário entender que o papel do arquiteto é muito mais abrangente e que a própria arquitetura de interiores possui um nível de complexidade que geralmente não é reconhecido.
Foto: Portfolio Camila Ramos
A arquitetura de interiores é uma disciplina que busca o planejamento dos espaços internos abordando os conceitos de funcionalidade, conforto e estética. É claro que, ao contratar esse serviço, o cliente idealiza um espaço “mais bonito”, geralmente não compreendendo o quão benéfico aquele projeto pode ser para sua rotina e saúde.
O ser humano passa cerca de 90% da sua vida em ambientes internos, de forma que esses espaços estão diretamente conectados às nossas memórias e percepções, sendo capazes de gerar emoções e influenciar comportamentos. Nesse contexto, os conceitos da neuroarquitetura têm tomado destaque, evidenciando cientificamente que elementos da arquitetura de interiores podem afetar na saúde e bem estar físico e mental de seus usuários.
Foto: Portfolio Camila Ramos

O entendimento dos efeitos da arquitetura no cérebro humano destacam a importância e a complexidade dos projetos de espaços internos. Muito além de decorações e tendências, a arquitetura de interiores é um fator ativo na cognição, influenciando processos de cura, criatividade, produtividade, dentre outros fatores. Com o confinamento, devido a COVID-19, e a saúde humana em pauta, é necessário evidenciar os efeitos dos espaços internos e conscientizar as pessoas da sua importância.

A arquitetura de interiores tem como primeiro objetivo a funcionalidade. O arquiteto deve compreender quem são as pessoas que vão utilizar aquele espaço e para qual função aquele ambiente se destina. A funcionalidade está relacionada ao uso inteligente do ambiente, considerando fluxos, espaços de permanência, atividades exercidas, segurança e todas as necessidades dos usuários.

O segundo objetivo visa o conforto, onde o projetista vai considerar as questões como iluminação e ventilação, combinando elementos naturais com sistemas artificiais, controle de ruídos e qualidade acústica, etc, abrangendo todos os elementos do conforto térmico, acústico e sonoro. Além disso, também vai se atentar às dimensões dos espaços e mobiliários, relativos à ergonomia do ambiente, bem como aos estímulos neurológicos da ambientação, considerando os sentidos humanos, referentes à neuroarquitetura.

Por fim, a arquitetura de interiores tem como objetivo a configuração de uma estética adequada ao ambiente. A definição da plasticidade dos espaços internos considera os fatores anteriores, ou seja a função do ambiente e o conforto dos usuários, em conjunto com estilos estéticos específicos, gosto pessoal ou outro fator de partido. Um ambiente pode tomar partido estético de questões ambientais, concebendo uma arquitetura sustentável, elementos históricos e culturais relacionados aos usuários, elementos naturais relativos ao local de implantação, dentre outros fatores.

A execução da arquitetura de interiores começa pela organização do espaço através do layout, o qual vai utilizar de paredes, divisórias, mobiliários e objetos para definir fluxos e áreas. A segunda etapa considera as intervenções, que podem ser hidráulicas, elétricas, tecnológicas, etc. Elas podem modificar a iluminação, ventilação, executar isolamentos e instalar elementos como brises e prateleiras de luz, para garantir o conforto e funcionalidade.

Por fim, a ambientação vai tratar dos aspectos estéticos e neurológicos do ambiente projetado, especificando materiais para revestimentos e acabamentos, cores, mobiliário, decoração, iluminação, texturas, aromas, sensações, etc. É importante lembrar que a ambientação dos espaços não é apenas visual, ela também é sonora, tátil e olfativa, por vezes, considerando até outros sentidos como o paladar e propriocepção.

Fonte : Vobi